50 anos da pesquisa Origem e Destino em pauta no Instituto de Engenharia

Da esq. p/ dir.: André Mazzucatto, Ailton Brasiliense, Eduardo Lafraia, Alberto Epifani e Luiz Antônio Cortez de Ferreira
Crédito: Cláudio Silva

O Instituto de Engenharia promoveu, no dia 18 de maio, a palestra 50 Anos da Pesquisa Origem e Destino em São Paulo. O evento contou com o apoio da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), da Associação de Arquitetos e Engenheiros de Metrô (AEAMESP) e do CREA-SP.

Estiveram na mesa de abertura: Eduardo Lafraia, presidente do Instituto de Engenharia; Alberto Epifani, diretor de Planejamento e Expansão dos Transportes Metropolitanos; Luiz Antônio Cortez de Ferreira, gerente de Planejamento, Integração e Viabilidade de Transportes Metropolitanos do Metrô de São Paulo; Ailton Brasiliense, presidente da ANTP e André Mazzucatto, vice-presidente de Administração e Finanças da AEAMESP.

André Mazzucatto ressaltou a importância da Pesquisa de Origem e Destino. “Dos aspectos importantes que devemos sublinhar o primeiro é a metodologia técnica que é reconhecida e utilizada, desde a primeira pesquisa em 1967. Não parece que esse método possa ser substituído por outro tão cedo. O segundo, é um desejo de que o resultado nos mostre a continuidade do crescimento do transporte público na divisão modal em viagens motorizadas na Região Metropolitana de São Paulo que é o âmbito dessa pesquisa.”

O presidente do IE, Eduardo Lafraia, cumprimentou o metrô pela insistência em ter mantido a Pesquisa Origem e Destino. “Pelo o que eu sei, essa é a única pesquisa desse tipo que existe no Brasil. Ela é utilizada pelo Metrô e por todas as outras entidades ligadas a transportes. Minha missão hoje é oferecer o Instituto de Engenharia para debater assuntos relacionados à engenharia, mas ligados principalmente ao desenvolvimento do Brasil”, frisou.

Ailton Brasiliense, presidente da ANTP, começou sua apresentação perguntando por que é preciso fazer a Pesquisa Origem Destino. Em seguida, ele explicou que pegou a população da região RMSP, de 1950 até 2010, para comparar os números populacionais. “Comparando de 1950 a 2010 a população cresceu sete vezes. Quem cuidou da cidade entre 1900 e 1950 foi a Light, e eles que fizeram o planejamento urbano da cidade, porque detinham a energia elétrica e repassavam para o transporte, no caso os bondes. No momento em que a Light saiu dos transportes, os prefeitos deixaram as coisas acontecerem de qualquer jeito. Nada mais era planejado. A OD poderia ter sido o instrumento os ajudar a ordenar a cidade”, lembrou.

Já Alberto Epifani frisou que fazer a Pesquisa OD é fundamental para saber se o desejo da população e a estratégia familiar de deslocamento continua como há dez anos. “A pesquisa é pública e grátis, então ela é muito utilizada para fazer sistemas e alocação de empreendimentos comerciais, que vão gerar viagens, ou seja, é um instrumento público que é utilizado conforme a necessidade”.

Segundo ele, as pessoas acreditam que é possível fazer a pesquisa pelo celular, utilizando ferramentas do Google, por exemplo, ou que com os dados do bilhete único geram a pesquisa. “A OD é uma pesquisa de estratégia de mobilidade familiar. Para fazer uma pesquisa assim, é preciso saber qual é o motivo da viagem, saber o motivo do deslocamento do cidadão, se é para ir à escola ou ao trabalho, entre outros”, contou.

Epifani explicou ainda, que existe uma confusão entre a Pesquisa OD e a Pesquisa ED (Embarque e Desembarque) que é realizada dentro das estações do metrô com os passageiros para saber qual é o índice de renovação da linha, qual estação tem mais oferta, a que precisa ser melhorada em oferta e, também, obter a demanda dos passageiros.

Metodologia

Com início da pesquisa de campo agendada para agosto, o gerente de Planejamento, Integração e Viabilidade de Transportes Metropolitanos, Luiz Cortez, explicou a metodologia e a importância da Pesquisa.

Com uma área de cobertura de 39 municípios da RMSP, a pesquisa é dividida em duas vertentes: Domiciliar e Linha de Contorno. A primeira abrange 32 mil domicílios e mais de 103 mil pessoas entrevistadas – com a faixa etária de entrevista a partir dos 6 anos, quando a criança já está em idade escolar-, já a segunda engloba os deslocamentos de veículos, cuja origem e destino estão fora da Região Metropolitana.

Sempre realizada em dias úteis, a pesquisa Domiciliar tem como base três perguntas: Viagem, Modo e Motivo. Além de ser complementada com informações sobre as viagens de contorno, ou seja, as que cruzam a RMSP.

A pesquisa que foca as Linhas de Contorno é feita nas principais rodovias, com contagem classificada de porte de veículos e entrevista com os ocupantes dos veículos. Ela também é realizada nos principais aeroportos.

“A pesquisa é importante como diagnóstico da evolução das viagens na RMSP e, com o histórico das outras pesquisas, é possível ter uma fonte de observação do crescimento das cidades e subsídio para planos e projetos de transporte, planejamento urbano e Planos Diretores”, ressaltou Luiz.

Ao final, ele destacou as pesquisas em Tecnologia que vêm sendo feitas para aprimorar esse trabalho. “Com a inovação poderíamos, entre outras vantagens, reduzir os custos da Pesquisa de Origem e Destino e, com isso, diminuir o intervalo entre elas. Em Londres, por exemplo, ela é feita anualmente.”

Luiz finalizou ressaltando a importância da população colaborar com a pesquisa. Segundo ele, um dos maiores desafios é o pesquisador ser recebido, principalmente em condomínios de alto padrão ou regiões muito carentes.

“Nas rodovias, por exemplo, temos que contar com a essencial colaboração da Polícia Militar Rodoviária, pois ela que tem o poder de parar o veículo para que seja feita e entrevista.
Pedimos a colaboração de toda a população para que atenda o pesquisador. Em caso de dúvida, todos os funcionários do Metrô foram treinados para responder a qualquer questão sobre a pesquisa”, concluiu.

Ao final das palestras, o espaço foi aberto para debates.

Autor: Marília Ravasio e Isabel Dianin